Steve McCurry

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O fotógrafo Steve McCurry estará em São Paulo para ministrar um curso e uma palestra – entre 20 e 23 de maio – dentro do projeto Grandes Mestres da Fotografia. Fotógrafo renomado da Magnum e, há décadas, batedor de ponto na revista National Geographic, McCurry bateu um papo rápido com o Olhavê.

Também, no próximo dia 18 de maio, abre a exposição “Steve McCurry: o desassossego da cor”, na Galeria de Babel com curadoria de Eder Chiodetto e co-curadoria de Jully Fernandes.

A agenda de McCurry e detalhes da palestra e oficina podem ser conferidos aqui.

Foto: Ahmet Sel

OLHAVÊ Em recente post no seu blog, o senhor deu algumas dicas para fotógrafos que estão começando. Como por exemplo: ter curiosidade, trabalhar duro, sair de casa, ter coragem e determinação, evoluir, reinventar-se, crescer e, principalmente, “não espere que o telefone toque”. Quais seriam os seus conselhos para fotógrafos mais experientes?

STEVE McCURRY Eu acho que os mesmos pontos se aplicaria. Continuar sendo curioso e com paixão pelo seu trabalho. Continuar aprendendo e adaptando-se. Crescer continuamente.

OLHAVÊ Quais são as suas motivações para fotografar após trinta anos de carreira?

STEVE McCURRY Eu quero contar histórias através das minhas fotos. Eu tenho trabalhado em todo o mundo nos últimos trinta anos documentando momentos cruciais em países como o Afeganistão, Líbano, Camboja, Índia e Tibet. Eu também fico fascinado com as culturas anuladas e como a modernidade e a globalização estão se espalhando aos quatro cantos do planeta. Eu acho que extraio inspiração da minha curiosidade pela vida. O importante é ser curioso. Eu adoro passear em torno de uma aldeia, cidade, região e descobrir coisas novas. Acho que o fascínio com o mundo é o principal para mostrar nas suas imagens.

OLHAVÊ Dentro da sua obra, os retratos é uma característica bem marcante. O senhor acha que o retrato é a forma mais direta de mostrar a realidade do ser humano?

STEVE McCURRY Um bom retrato é aquele que diz algo sobre a pessoa. Temos sorte de sempre ver a nós mesmos em outras pessoas, então, um bom retrato também diz algo sobre a condição humana. Vemos emoções na pessoa que podemos relacionar com alegria, tristeza e sofrimento. Quando um retrato não é bem sucedido, ele não lhe faz ver nada. Quero que as pessoas pensem sobre o conteúdo. Eu olho para os olhos. Sou fascinado pelo modo como olhamos de modo diferente, e o quanto você pode ver apenas olhando para o rosto. É como olhar para baixo, num poço, e lá está refletindo você, a sua alma.

OLHAVÊ O senhor tem uma forte ligação com o sudeste asiático e oriente médio. Nunca teve interesse na América Latina?

STEVE McCURRY Tenho trabalhado no Peru, Colômbia e Brasil. Estou planejando passar mais tempo lá no futuro.

OLHAVÊ Quais serão os temas abordados no seu workshop no Brasil?

STEVE McCURRY Durante a oficina, vou discutir trabalhos antigos dos participantes e oferecer aconselhamento sobre como eles poderiam melhorar a sua fotografia. Nós discutiremos alguns dos meus trabalhos, como também, veremos as imagens da história da fotografia. Também haverá tempo para que os participantes fotografem durante o workshop e se concentrem nos temas que iremos abordar ao longo do dia. Edição e crítica será a parte final do workshop.

OLHAVÊ O nome do evento que está lhe trazendo para São Paulo se chama Grandes Mestres da Fotografia. Quais são os seus grandes mestres?

STEVE McCURRY Acho as imagens de Henri Cartier-Bresson uma visão maravilhosa e um olhar para dentro da personalidade da pessoa. Há emoção e um sentimento de todo o momento decisivo. Suas fotos são jornalísticas, mas, para mim, transcendem o jornalismo e trabalha em vários níveis diferentes. Fotógrafos como Cartier-Bresson e André Kertész usavam apenas uma ou duas lentes e trabalhavam principalmente com a luz disponível. Eu acho que a simplicidade cria essa qualidade atemporal.

Fotos: Steve McCurry

Paquistão, 1984

Índia, 1996

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